A família é um dos primeiros
lugares onde as pessoas aprendem a lição da solidariedade que deverá unir os
humanos. Num mundo de individualismo, competição e indiferença, a família será
sempre um espaço de construção do tecido da solidariedade, plataforma onde as
pessoas aprendem a viver com, a conviver. Sem atenção carinhosa e solidária o
bebê que nasce não tem condições de sobreviver. Morre ou quanto muito vegeta.
No seio da família, histórias se entrecruzam, vidas convivem umas com as
outras, há proximidade física e afetiva.
Os membros de uma família
experimentam um sentimento de pertença. Não são seres jogados a esmo. Uns
pertencem aos outros. A menina que está ouvindo uma aula de matemática, pensa
no afeto da avó que está para chegar. Ela pertence aos seus. O médico que faz
uma cirurgia complicada não está solto. Logo que termina a operação telefona
para a mulher para dizer que tudo correu bem, muito bem. Os dois ao telefone se
dizem palavras de carinho. Uma vida que pertence a outra vida. Tal pertença não
tem o mesmo caráter de se possuir uma bola, uma joia, um carro. São vidas que
pertencem a outras vidas. Os que são solidários em família vivem perto, vivem
juntos. Sentam-se juntos à mesa, juntos rezam ao Senhor solidariamente, juntos
se ocupam das tarefas da casa: lavar a louça, molhar as plantas, preparar a
comida, comprar o pão. Ninguém é empregado de ninguém. Todos se interessam por
todos, na delicadeza dos gestos, na atenção recíproca, adivinhando aquilo que o
outro precisa. A solidariedade, aqui e ali, quer dizer renúncia.
Há a solidariedade na hora
da doença: fazer a tarefa do outro, dormir a seu lado no hospital, dar-lhe um
banho, fazer-lhe um curativo, acompanhá-lo quando a febre aumenta.
Solidariedade em família é demonstrar que o outro é importante. A senhora
idosa, avó, que vai ao médico sabe que na sala de espera um filho, uma neta ou
uma nora esperam por ela e cuidarão que não lhe falte o necessário para
sobreviver dignamente.
Sim, os membros frágeis da
família sabem que podem contar com o apoio de seus familiares: a criança com
medo disto ou daquilo aperta-se contra o peito do pai; a mulher que soube da
morte trágica de seu irmão num acidente, sabe que contará com a solidariedade
do marido; a velha senhora sabe que seu filho haverá de pagar-lhe o plano de
saúde ou que os netos virão para conversar e assim quebrar sua solidão.
A família é o primeiro
espaço de solidariedade humana. É primeira escola de solidariedade. Por isso, a
família precisa ser forte.
Frei Almir Guimarães
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